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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Primeira Viagem - Impressões

Abaixo, após autorizado pelo autor, posto um e-mail que recebí do Cleber Moscardini a respeito de sua primeira viagem com uma Harley Davidson onde ele descreve, de forma didática, como se utilizou de "dicas" recebidas bem como algumas impressões que poderão ser de muita utilidade para todos nós.


"Amigo Hélio,

 Desculpe a intimidade mas alguém que lhe ensina coisas que podem salvar sua vida só pode ser chamado de amigo.
Minha primeira viagem de Harley Davidson foi uma das experiências mais felizes que já tive, no entanto algumas observações acho importantes para os "harleyros" de primeira viagem. Dos conselhos diversos que recebi, dois acredito absolutamente fundamentais numa primeira viagem.




1.Nunca desista da curva. Ocorreu que eu entrei em uma curva com um pouco mais de velocidade do que acreditava ser capaz de controlar e senti, num milhonésimo de segundo, um frio na barriga, o coração mais acelerado e um medo danado de não conseguir vencê-la. Por um breve momento me ocorreu que a coisa não iria dar certo mas tive sangue frio, assim acredito, apliquei uma dose de pressão no guidão, diminui o raio da curva e me lembrei do segundo grande e essencial conselho:




2. A moto vai para onde você olha. É impressionante como isso funciona. Aplicada a energia, a velocidade, a tocada certa, acredito que se é capaz de vencer qualquer obstáculo simplesmente fixando-se onde você precisa ir. Travar o olhar para o chão, canaleta, velocimetro ou qualquer outra coisa praticamente lhe impedem de fazer o que é preciso.




Duas outras coisas também impressionaram:

Primeiro, o frio. Não imaginava que em movimento a sensação térmica era tão "cortante". Usei luvas com a cobertura em tecido e num dado momento nsentia mais meus dedos (às 7 hs. num trecho de serra). Melhor não subestima-lo da próxima vez.

Segundo, o impacto do vento. Nós, que somos apaixonados por nossas custom e renunciamos a todas as firulas aerodinâmicas, pagamos o preço de sentir uma pressão danada a mais de 100 km/h. E quando ultrapassado por um veículo de grande porte, ou cruzando com um, leva-se um verdadeiro golpe aerodinâmicoe prevê-lo é melhor do que recebê-lo desprevenido, o que pode lhe tomar o contrôle da moto mesmo em retas.




No mais, o som do motor, a vibração do propulsor e a vista da estrada se entregando à sua frente é uma sensação que só quem viaja de Harley pode ter.




Muito obrigado novamente,




Cleber Moscardini em 07/09/2011"

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pilotagem - A primeira viagem

Grande Moçada,
Abaixo e-mail que enviei para um companheiro que me escreveu solicitando algumas dicas para sua primeira viagem de moto. Pedi autorização para postar aqui no blog, quem sabe possa ser útil a alguém ? Além de autorizar pediu-me que colocasse seu nome e e-mail à disposição de todos. Como se vê, um verdadeiro motociclista.



Grande Cleber Moscardini,

(cbmosca@yahoo.com.br

parabéns antecipados pela viagem e pela forma como será feita: "devagar para chegar depressa" (como dizia minha mãe).
Na realidade o mais importante da viagem não é chegar, é voltar. Vá tranquilo, controlando a ansiedade, mantendo o foco na pilotagem sem se distrair com paisagens ou qualquer outra coisa. Procure pilotar naturalmente sem agarrar os comandos de forma tensa. Pare a cada 100 km (ou menos, se preferir) para esticar as pernas, beber  água (cuidado com a desidratação) , tirar "água do joelho" e dar uma relaxada.
Aproveite para um check visual na máquina (pneus, vazamentos, barulhos estranhos, etc). Limpe a viseira do capacete e abasteça a máquina. Tudo isso com calma.

Com relação ao contra-esterço vamos lá: tenha em mente que você só faz curvas acima de 30 km/h usando o contra-esterço (conscientemente ou não). Para entender como funciona faça o seguinte: Pegue dois copos iguais, cujo fundo seja menor do que a boca. Coloque uma boca contra a outra e passe uma fita adesiva em volta de forma que eles fiquem unidos. Coloque-os sobre uma superfície plana e você vai ver que a parte mais alta (onde as bocas foram unidas) é semelhante a área central de um pneu de moto. Apoie o copo da esquerda na mesa e leve-o para a frente (é exatamente o movimento que a roda da moto faz ao contra-esterçamos nas curvas para a esquerda). Apoie a palma da mão no copo da esquerda e faça-o rolar para a frente. Você verá que embora esteja virado para direita ele tomará a direção da esquerda. Isso é chamado de efeito giroscópico e é assim que as motos fazem curvas acima de 30 km/h quando se manifesta o tal de momento angular.

Por tudo isso fique tranquilo, se você achar que exagerou no contra-esterço basta aliviar a manete que você empurrou para a frente que a moto reduz a inclinação e, em conseqüência, aumenta o raio da curva. Vá para uma rua deserta e, a uns 40 km/h, pratique fazendo uma espécie de “slalom”, empurrando (suavemente sempre) ora a manete da direita ora a manete da esquerda.
Outro recurso que você pode (e deve usar) é o freio motor. Ao entrar em uma curva reduza para uma marcha inferior e entre com o motor em um giro (rpm) superior ao que estava antes da curva. Isso permite que você reduza a velocidade sem necessidade de usar os freios, apenas fechando o punho do acelerador. Observe que a redução de velocidade aumenta a inclinação da moto o que pode ser compensado aliviando o contra-esterço (como falei acima).
Um outro ponto a ser ressaltado é o que diz respeito às frenagens: o freio que pára a moto é o dianteiro mas só o faça com a moto alinhada e sem inclinação. O freio traseiro deve ser utilizado para manobras em baixas velocidades (abaixo de 20 km/h) e ao ser utilizado em velocidades maiores deve ser acionado de forma a não bloquear a roda. Caso a roda traseira seja bloqueada em alta velocidade, mante-la bloqueada e controlar as "abanadas" da moto com o olhar fixado na frente para onde queremos que a moto vá. Já o freio dianteiro, se bloquear ou ameaçar bloquear, aliviar e rápidamente voltar a pressionar a manete simulando o efeito do sistema ABS.

Algumas dicas que me foram de extrema utilidade:

1) Cuidado com a roupa. Não basta "segurança", conforto é fundamental. Sinta-se com os movimentos soltos e mantenha o corpo arejado. O calor e o vento aceleram o processo de desidratação e isso associado a uma roupa tipo "armadura medieval" pode causar sérios problemas afetando inclusive seus reflexos.

2) Mantenha sempre o olhar em um ponto dois ou três segundo à frente de onde você está e planeje o que precisa fazer para alcança-lo. Seu olhar deve ser como os faróis de um carro em movimento, sempre iluminando à frente. Fazendo isso automáticamente você reduz em muito a possibilidade de imprevistos.

3) Observe a respiração. Tendemos o contrair os músculos e prender a respiração quando estamos tensos. Isso é altamente prejudicial para a pilotagem.
Em momentos de "stress" respire como se estivesse fazendo um exercício físico: inspire pelo nariz e expire pela bôca.

4) O olhar é um dos ítens de maior importancia na pilotagem de uma motocicleta. A moto vai para onde você olha. Principalmente em curvas, após determinar o traçado da mesma, jamais olhe para o acostamento, guard-rail, carros em sentido contrário ou coisa que o valha. E por falar em curva, JAMAIS desista de uma curva depois de iniciada ainda que a pedaleira arraste no chão, olhe para o ponto de saída use o contra-esterço e deixe a pedaleira se dissolver no asfalto.

5) Pratique sempre que possível, inclusive fazendo exercícios mentais: à noite, em seu quarto, sente em uma cadeira e imagine que você está na sua moto percorrendo uma estrada, pense em diferentes situações e o que você faria para sair delas. Vale a pena.

6) RETROVISOR, RETROVISOR, RETROVISOR. Olhar o espelho retrovisor salva vidas.

No mais uma boa viagem e informe os resultados.

Abração,

Hélio


Hélio Rodrigues Silva 02/09/2011