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quinta-feira, 30 de maio de 2013

AV. GERIÁTRICAS II - A suprema humilhação de um motociclista



O Cyro continuava de molho se recuperando da gripe que trouxe do Brasil e que a imigração americana, sempre muito rigorosa, dessa vez deixou passar. O cara estava tentando a todo custo ir para a estrada com a Sabrina mas todos achávamos uma temeridade, além do tempo frio e chuvoso aqueles remédios com nome em inglës devem dar o maior  “barato” pois ele só tinha idéias quase impossíveis de dar certo.. O fato é que ele sossegou, ou fingiu sossegar, e aproveitei para ir na concessionária HD de Staunton para regular a marcha lenta da Helö. A ida uma beleza: um trecho curto da 250 e depois umas 35 milhas pela 64 até o tradicional “barata vöa ” que acontece sempre que estou a ½ milha da concessionária: me perco !  Entra num viaduto, faz um retorno, passa por dentro de um posto de gasolina e a miserável da concessionária surge do outro lado da estrada. Quase 15 minutos para fazer um retorno mas acabo chegando. Falei com o chefe da oficina que, após dar uma volta com a Helö, concorda comigo e leva a moto para dentro da oficina. Enquanto aguardo aproveito para fazer umas fotos.


 
 
Dentro de uns 30 minutos a moto volta, com o “idle” em 900 RPM. Saio dali, como uma besteira qualquer na primeira “gas station” que encontro e retomo o caminho de volta e ai é que ocorre uma das maiores humilhações de minha carreira de motociclista: SOU ULTRAPASSADO POR UMA CASA !
O estapafurdio e inusitado caso deu-se da seguinte forma: vinha pela  81 North “solando” a Helö a 70 milhas por hora, queixo empinando, olhos de águia percrustando o horizonte, rápidas e frequentes olhadas nos retrovisores (o inimigo vem sempre pela retaguarda, já ensinava o Barão Vermelho), orgulhoso até às raias da coxisse com minha figura de “Cavaleiro Andante”. Numa das olhadas nos retrovisores, uma espécie de mancha branca a cerca de 200 metros de nós (eu e a Helö, lógico). Por um momento pensei que fosse a catarata se manifestando mas resolvi não pensar mais naquilo. Poucos segundos após, ouço uma espécie de buzina de trem que mais parecia a trombeta do Arcanjo Gabriel anunciando o final dos tempos. Imediatamente olho pelos retrovisores e quase pulo da moto: UMA CASA a 75 milhas por hora pedindo passagem !!!!! Bem verdade que estava em cima de uma carreta mas na hora imaginei ser coisa do cramunhão ou que o sacana do alemão (o Alzheimer) tinha vencido a parada.  Fui para a esquerda e a varanda da casa passou a poucos palmos da minha orelha direita.  Após esta ultrapassagem vexaminosa, onde todo meu “aplomb” foi para o brejo, decidi reagir. Acariciei a Helö e falei:  “ – Agora é com vocë menina”. Prá quë, a neguinha chegou fácil  às 90 milhas, ultrapassei aquela monstruosidade chorando por não ter uma sirene e um “forifaive” na cintura. Mantive uma velocidade bem acima do limite da estrada e da “casa voadora” por uns minutos até encontrar um local adequando descer da moto e fazer a foto, senão a concorrencia diz que é mais uma das histórias de tio Hélio.

 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

AV. GERIÁTRICAS II - Preparação das motos

 
Após a intempestiva aquisição da Helö e toda a correria resultante, credores por um lado, Receita Federal por outro, neta reclamando que vai ficar com saudades e  a troca de reais por dólares exigindo uma burocracia que nos tenta  apelar para a ilegalidade, entro no avião e desligo-me das conexões que me unem ao nosso confuso país, tomando o cuidado de manter apenas  os laços que  dão um sentido para minha vida: pessoas amadas  e  maravilhosas lembranças.  Ambos  regados à   lágrimas de emoção e de saudades,   estas últimas cada vez mais constantes e dolorosas.  Mas fazer o que, senão aboletar-me na Helö, ou na Thaís, voltar a proa para o horizonte, transformar a saudade numa ponte com a eternidade e descobrir que a felicidade é uma curva feita com capricho e arrojo ao som de um Big Twin que faz tremer o chão e disparar os corações. Bem,  mas isso são divagações de um velho gaga’ que não sabe muito bem o que fala. Prossigamos.  O fato e’  que cheguei a Charlottesville no dia 8 e imediatamente tratei de ligar a Sabrina Sato (a Goldwing) do Cyro. A danada pegou no ato e isto graças a filha do Cyro, que ligava a moto semanalmente além de manter a bateria carregada graças a um mini crregador da HD. At’e ai tudo correndo muito bem, apenas na hora de sair com a moto e’  que deu-se  o problema, a embreagem não funcionava. Como o acionamento da mesma é hidraulico, a primeira ação foi verificar o reservatorio do fluido (DOT 4)  e constatar que estava totalmente seco. Como não havia (e não há vazamentos) só pude atribuir a alguma barbeiragem da concessionária Honda onde a moto ficou para trocar o “estator”. Por ai se ve que concessionárias lambonas não são privilégio nosso não. Comprei o fluido, enchi o reservatório e fiz a “ sangria” . Por sorte o parafuso de sangria, embora na parte inferior da moto, e’  do lado esquerdo, o que me permitia, de joelhos,  “bombear”  a manete de embreagem com a mão esquerda, segura-la e com a mão direita aliviar o parafuso de sangria ate’  expulsar todo o ar. Fiquei de pescoço torto mas valeu a pena, consegui dar uma volta com a moto e ela saiu-se esplendidamente.


 
Depois disso, banho e um merecido descanso pois no dia seguinte o cara que me vendeu a moto viria me pegar as 8 da matina para a conclusão do negócio cujos detalhes foram objeto do capitulo “Uma policial entrou na minha vida”.

 




Após pegar minha moto  aproveitei para tratar de fazer a vistoria anual da Sabrina Sato, que já estava vencida. Procurei um posto autorizado, são vários e em geral oficinas particulares homologadas e sem nenhuma burocracia: voce chega, entrega o documento do veículo, aguarda numa saleta de espera com café, água e ar condicionado, na sua vez voce é chamado, coloca a moto no box, eles verificam pastilhas de freio, sistema elétrico, numeração de chassis e colam o selo com mes e ano da próxima vistoria no local que voce escolher para tal. Pague 12 dólares e após, no máximo, 30 minutos voce está liberado. Pronto a Sabrina estava operacional aguardando o Cyro e a Helö, cuja vistoria só venceria no final do mes, já estava circulando com seu orgulhoso piloto por todos os cantos de Charlottesville.
 
 

O grande problema foi que o Cyro não chegou sózinho, ele trouxe o virus de uma gripe como clandestino e o sacana do virus, ao invés de aproveitar a viagem, cismou de manifestar-se de forma traiçoeira derrubando o Cyro com um tal de “ipon”. Isso modificou totalmente nossos planos pois pior do que uma gripe é a recaida da danada e na nossa idade não podemos dar chances ao adversário que faz nossa fila andar com uma velocidade que em nada nos agrada. Tá certo que o cara também não ajuda muito, um dia em que se sentia melhor peguei-o deitado no chão debaixo da Sabrina (epa, epa...) regulando o pedal de marchas, verificando óleo e continuaria assim não fosse a bronca da filha. O fato é que o cara sossegou o facho.

Pelo meu lado, fazia pequenos percursos e apenas no sábado,  18 de maio, resolvi ir a Staunton na concessionária HD dar uma checada na “marcha lenta” (idle) da minha moto que estava muito baixa depois de aquecida (cerca de 500  RPM).

sexta-feira, 17 de maio de 2013

AV. GERIÁTRICAS II - A Helo entrou em minha vida



Ultimo fim de semana de abril, cafe da manhã de sábado na Harley da Barra, revejo velhos e novos amigos mas não consigo evitar a preocupação com o funcionamento da “bomba”. Afinal, sem fazer nenhum dos vários e periódicos exames que minha maravilhosa cardiologista solicitou resolví partir para a gringolandia  em abril de 2012, apenas 40 dias após após fazer um terceiro cateterismo, para viver, ainda que fosse pela última vez, as tais “Aventuras Geriátricas”.  Valeu a pena, e como, mas a verdade é que relaxei e jamais fiz os tais exames.  Sei que viver é perigoso mas deixar a vida passar sem saber o que é uma defesa de mão trocada, a matada no peito arrematada pela acrobática “bicicleta ”, o cheiro de grama misturada com gasolina nas manhãs  enevoadas  no Aero Clube de Nova Iguaçu, o toque de silencio na Base Aérea do Galeão quando a juventude nos parecia eterna, a primeira e gaguejada declaração de amor que jurava jamais fazer,  o saber-se dominando uma motocicleta com mais de 400 Kg aos 70 anos de idade, olhar para trás e o que se ve  nos estimula a seguir em  frente continuando a jornada até quando as forças permitirem.  Embora eu saiba e concorde com tudo isto a preocupação persistia.
Este ano, convidado pelo Cyro para voltar à gringolandia, resolvi fazer pelo menos o mais importante dos exames:  uma tal de tomografia computadorizada das veias pulmonares para ver se havia algum processo de estenose. O resultado sairia no dia 7 de maio e até lá só me restava aguardar para embarcar para os Estados Unidos no final do mes.  Acontece que no dia 1 de maio (feriado),  navegando na Craigs List, vi o anuncio de uma Road King Police 2001 em uma cidade a cerca de 120 milhas de Charlottesville e aquilo mexeu comigo, aliás mexeu muito comigo. Escrevi para o cara que se mostrou extremamente paciente com meu ingles e o fato é que fechamos negócio (eu em Cabo Frio, ele em Fairfax – O que é a globalização !). Tentei organizar minha vida o mais rápido possível – alguns credores devem ter ficado de fora – e consegui  uma passagem para o dia 7 de maio, o mesmo dia em que ficaria pronto o resultado do exame que, a propósito, nem quis mais saber dele. As prioridades passaram a ser outras. Meus filhos que cuidassem desse departamento (grandes garotos). Cheguei a Charlottesville no dia 8 e antes do Cyro, que só  chegaria no dia 11. No dia 9 o cara que me vendeu a moto veio a Charlottesville de carro, paguei a ele, fomos ao DMV (Depto de Transito da Virginia) e em 30 minutos a moto estava em meu nome e a placa na minha mão. Seguimos para Fairfax, a cidade do Drew (o que me vendeu a moto) onde fui buscar a minha policial. Confesso que quase cai para trás quando ví o estado da moto. Ela está práticamente nova.


 
Apesar de ser uma 2001 esta com apenas 36.000 milhas pois o Drew era milico e serviu no Iraque, Arabia e outros paises por alguns anos tendo a moto ficado na garagem a maior parte do tempo. Ele a vendeu por ter comprado uma Road Glide (mais confortável para levar a esposa).



Antes vir embora o Drew deu-me todas as peças sobressalentes e vários acessórios além de uma caixa de ferramentas além de levar-me para almoçar. Acabamos nos tornando amigos e fui convidado para rodar com o grupo dele, composto de ex-policiais e ex-milicos.









Na viagem de volta, como tenho o hábito da dar nomes às minhas motos, vim pensando no nome mais adequado para ela.  O comportamento da máquina era excelente, o baita para-brisas e o enorme banco sobre coxim de ar regulável, além das suspensões (dianteira e traseira) com amortecedores a ar tornavam-na gostosíssima de pilotar. Neste momento pensei : “- Linda, gostosa e policial ? Bingo, só pode ser a Helö !” . Aquela policial gostosa que a gostosa da Giovanna Antonelli interpretava em uma novela. E assim meus amigos a Helö entrou com tudo em minha vida......






Ah....o resultado do exame ?  Meu filho escaneou e mandou por e-mail: SEM estenose, apenas o átrio esquerdo dilatado. Fazer o quë ?  Minhas mulheres e ex-mulheres dizem que tenho todos os defeitos possíveis e imaginários mas que tenho um grande coração, hehehehehehe !

sábado, 4 de maio de 2013

Rabo do Dragão - Vídeo


Fazendo uma limpeza em meus aquivos, encontrei um filme de minha primeira viagem ao Tail of the Dragon em outubro de 2011 onde fui comemorar meus 69 anos de idade.
Aluguei uma Harley Davidson Ultra Classic 2010 na HD de Staunton, em dois tons de grená, a quem dei o nome de Angelina em homenagem a uma das meninas do Photo.
 
 
 
Embora tenha ido com o Cyro para Charlottesville, fui sozinho para Deals Gap pois ele ficou curtindo a filha que iria viajar para a Africa do Sul. Já narrei esta viagem em outubro de 2011 (vide postagens antigas).  A viagem de Charlottesville (VA) a Cherokee (NC) através da Blue Ridge Parkway (cerca de 500 milhas) é qualquer coisa de sensacional e vou repetir sempre que tiver oportunidade, aliás repeti-a em maio de 2012.
 
 
 
De qualquer forma, acho interessante postar o vídeo pois ele dá uma idéia razoável do que é o Tail of the Dragon: um trecho da 129 na divisa entre a Carolina do Norte e o Tenessee , com cerca de 11 milhas e 318 curvas. A estrada é de mão dupla, estreita, sem acostamento, com curvas em sequência,  pequenas elevações  e transito aberto para carretas e moto-homes.  Deals Gap é onde se convencionou ser o ponto de partida para os "tiros". Tem um motel (barato e bem no meio da muvuca), um posto de gasolina, e um restaurante, além de um pátio enorme lotado de todos os tipos de motos. Nos finais de semana a quantidade de equipes que chegam com suas motos em reboques é impressionante. Mais impressionante ainda é a disposição dos pilotos que ficam subindo e descendo o Dragão o dia inteiro e não raro durante a noite.  



 
Como era minha primeira incursão adotei uma pilotagem cautelosa e conservadora mas tendo o cuidado de não atrapalhar ninguém. Lembrem-se de que eu  estava sózinho (se caio num daqueles valões e ninguém vê estaria lá até hoje), a moto era alugada e tinha uma multa de 5.000 dólares se eu desse PT na bichinha.  De qualquer forma valeu a pena pois motocicleta é igual a sexo: mesmo que não tenha sido uma maravilha sempre vale a pena.
 
Ao vídeo: