O Cyro continuava de molho se recuperando da
gripe que trouxe do Brasil e que a imigração americana, sempre muito rigorosa,
dessa vez deixou passar. O cara estava tentando a todo custo ir para a estrada
com a Sabrina mas todos achávamos uma temeridade, além do tempo frio e chuvoso
aqueles remédios com nome em inglës devem dar o maior “barato” pois ele só tinha idéias quase
impossíveis de dar certo.. O fato é que ele sossegou, ou fingiu sossegar, e
aproveitei para ir na concessionária HD de Staunton para regular a marcha lenta
da Helö. A ida uma beleza: um trecho curto da 250 e depois umas 35 milhas pela
64 até o tradicional “barata vöa ” que acontece sempre que estou a ½ milha da
concessionária: me perco ! Entra num
viaduto, faz um retorno, passa por dentro de um posto de gasolina e a miserável
da concessionária surge do outro lado da estrada. Quase 15 minutos para fazer um
retorno mas acabo chegando. Falei com o chefe da oficina que, após dar uma
volta com a Helö, concorda comigo e leva a moto para dentro da oficina.
Enquanto aguardo aproveito para fazer umas fotos.
Dentro de uns 30 minutos a
moto volta, com o “idle” em 900 RPM. Saio dali, como uma besteira qualquer na
primeira “gas station” que encontro e retomo o caminho de volta e ai é que
ocorre uma das maiores humilhações de minha carreira de motociclista: SOU ULTRAPASSADO POR UMA CASA !
O estapafurdio e inusitado caso deu-se da seguinte forma: vinha pela
81 North “solando” a Helö a 70 milhas por hora, queixo empinando, olhos
de águia percrustando o horizonte, rápidas e frequentes olhadas nos
retrovisores (o inimigo vem sempre pela retaguarda, já ensinava o Barão
Vermelho), orgulhoso até às raias da coxisse com minha figura de “Cavaleiro
Andante”. Numa das olhadas nos retrovisores, uma espécie de mancha branca a
cerca de 200 metros de nós (eu e a Helö, lógico). Por um momento pensei que
fosse a catarata se manifestando mas resolvi não pensar mais naquilo. Poucos
segundos após, ouço uma espécie de buzina de trem que mais parecia a trombeta
do Arcanjo Gabriel anunciando o final dos tempos. Imediatamente olho pelos
retrovisores e quase pulo da moto: UMA CASA a 75 milhas por hora pedindo
passagem !!!!! Bem verdade que estava em cima de uma carreta mas na hora
imaginei ser coisa do cramunhão ou que o sacana do alemão (o Alzheimer) tinha
vencido a parada. Fui para a esquerda e
a varanda da casa passou a poucos palmos da minha orelha direita. Após esta ultrapassagem vexaminosa, onde todo
meu “aplomb” foi para o brejo, decidi reagir. Acariciei a Helö e falei: “ – Agora é com vocë menina”. Prá quë, a
neguinha chegou fácil às 90 milhas,
ultrapassei aquela monstruosidade chorando por não ter uma sirene e um
“forifaive” na cintura. Mantive uma velocidade bem acima do limite da estrada e
da “casa voadora” por uns minutos até encontrar um local adequando descer da
moto e fazer a foto, senão a concorrencia diz que é mais uma das histórias de
tio Hélio.