Após a intempestiva aquisição da Helö e toda a correria resultante,
credores por um lado, Receita Federal por outro, neta reclamando que vai ficar
com saudades e a troca de reais por dólares
exigindo uma burocracia que nos tenta apelar para a ilegalidade, entro no avião e
desligo-me das conexões que me unem ao nosso confuso país, tomando o cuidado
de manter apenas os laços que dão um sentido para minha vida: pessoas
amadas e
maravilhosas lembranças. Ambos regados
à lágrimas de emoção e de
saudades, estas últimas cada vez mais constantes e dolorosas. Mas fazer o que, senão aboletar-me na Helö, ou na Thaís, voltar a proa
para o horizonte, transformar a saudade numa ponte com a eternidade e descobrir que a felicidade é uma curva feita com capricho e arrojo ao som de um Big Twin que faz tremer o chão e disparar os corações. Bem, mas isso são divagações de um velho gaga’ que
não sabe muito bem o que fala. Prossigamos.
O fato e’ que cheguei a
Charlottesville no dia 8 e imediatamente tratei de ligar a Sabrina Sato (a
Goldwing) do Cyro. A danada pegou no ato e isto graças a filha do Cyro, que
ligava a moto semanalmente além de manter a bateria carregada graças a um mini
crregador da HD. At’e ai tudo correndo muito bem, apenas na hora de sair com a
moto e’ que deu-se o problema, a embreagem não funcionava. Como
o acionamento da mesma é hidraulico, a primeira ação foi verificar o
reservatorio do fluido (DOT 4) e
constatar que estava totalmente seco. Como não havia (e não há vazamentos) só
pude atribuir a alguma barbeiragem da concessionária Honda onde a moto ficou
para trocar o “estator”. Por ai se ve que concessionárias lambonas não são privilégio
nosso não. Comprei o fluido, enchi o reservatório e fiz a “ sangria” . Por
sorte o parafuso de sangria, embora na parte inferior da moto, e’ do lado esquerdo, o que me permitia, de
joelhos, “bombear” a manete de embreagem com a mão esquerda,
segura-la e com a mão direita aliviar o parafuso de sangria ate’ expulsar todo o ar. Fiquei de pescoço torto
mas valeu a pena, consegui dar uma volta com a moto e ela saiu-se
esplendidamente.
Depois disso, banho e um merecido descanso pois no dia seguinte o cara que me vendeu a moto viria me pegar as 8 da matina para a conclusão do negócio cujos detalhes foram objeto do capitulo “Uma policial entrou na minha vida”.
Após pegar minha moto aproveitei para tratar de fazer a
vistoria anual da Sabrina Sato, que já estava vencida. Procurei um posto autorizado,
são vários e em geral oficinas particulares homologadas e sem nenhuma
burocracia: voce chega, entrega o documento do veículo, aguarda numa saleta de
espera com café, água e ar condicionado, na sua vez voce é chamado, coloca a
moto no box, eles verificam pastilhas de freio, sistema elétrico, numeração de
chassis e colam o selo com mes e ano da próxima vistoria no local que voce
escolher para tal. Pague 12 dólares e após, no máximo, 30 minutos voce está
liberado. Pronto a Sabrina estava operacional aguardando o Cyro e a Helö, cuja
vistoria só venceria no final do mes, já estava circulando com seu orgulhoso
piloto por todos os cantos de Charlottesville.
O grande problema foi que o Cyro não chegou sózinho, ele trouxe o virus
de uma gripe como clandestino e o sacana do virus, ao invés de aproveitar a
viagem, cismou de manifestar-se de forma traiçoeira derrubando o Cyro com um
tal de “ipon”. Isso modificou totalmente nossos planos pois pior do que uma
gripe é a recaida da danada e na nossa idade não podemos dar chances ao
adversário que faz nossa fila andar com uma velocidade que em nada nos agrada.
Tá certo que o cara também não ajuda muito, um dia em que se sentia melhor
peguei-o deitado no chão debaixo da Sabrina (epa, epa...) regulando o pedal de
marchas, verificando óleo e continuaria assim não fosse a bronca da filha. O
fato é que o cara sossegou o facho.
Pelo meu lado, fazia pequenos percursos e apenas no sábado, 18 de maio, resolvi ir a
Staunton na concessionária HD dar uma checada na “marcha lenta” (idle) da minha
moto que estava muito baixa depois de aquecida (cerca de 500 RPM).
2 comentários:
Boa!!!
Mais uma vez é um prazer vê-lo nessa empreitada!!!
Grande Allan,
apesar do atraso da resposta, muito obrigado e um grande abraço,
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