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segunda-feira, 13 de abril de 2015

AS 15 MELHORES ROTAS DOS USA - 20

A CAMINHO DE NATCHEZ, PELA "TRACE" É CLARO.

Muscle Shoals (AL) -  Kociusko (MS) - 21 agosto 2014

Hoje dormi até mais tarde e voltei à Natchez Trace por volta das 10 horas. O hotel já estava reservado desde ontem à noite quando decidi fazer uma "perna" de 180 milhas até Kosciusko no Mississippi, metade do caminho até o final da Trace, em Natchez. Prefiro ir com calma desfrutando essas últimas milhas que fecham com chave de ouro a conquista das "15 melhores rotas" dos USA, fora o resto.
Após umas poucas milhas entramos no Mississippi, completando assim 28 estados carimbados pelos pneus da Helô, 2 a mais do que no ano passado.  

A estrada continua com uma manutenção impecável mas a qualidade da pista já não é mesma (ainda assim muito melhor do que....vocês sabem) e a vegetação não é tão exuberante quanto no Tennessee e até mesmo no Alabama. De qualquer forma tentei captar com as lentes da minha desconjuntada Sony Cyber-shot, os melhores momentos, e isso em movimento e com a mão esquerda. Um dia vou ficar bom nisso, podem acreditar.





A parada no "Visitor Center" sempre vale a pena: ar condicionado, água gelada, banheiros limpíssmos e Rangers atenciosos prestando todas as informações. 



Foi assim que descobri o porque da importancia dessa rota lá pelo início dos anos 1800.
O caso foi o seguinte: os colonos do Vale do Rio Ohio, chamados de Kaintucks farmers, construiam balsas de fundo chato, manobradas com grandes varas de madeira, onde colocavam os produtos de suas fazendas e desciam o rio Ohio e o Mississippi para vende-los em Natchez e New Orleans. 



Isto aproveitando a correnteza já que não existiam motores. Como não tinham como voltar contra a correnteza eles vendiam as balsas para servir de lenha. A volta para seus lares era feita a pé ou a cavalo através da Natchez Trace. Era uma jornada para vários dias, com isso surgiu um comércio ao longo da Trace onde os viajantes encontravam refeições e pousada.  Esse comércio foi se expandindo ao longo dos primeiros 20 anos dos 1800. Com o advento do motor a vapor, os barcos passaram a fazer a viagem de volta e a Trace entrou em decadência e assim ficou por anos.  Sua salvação foi a Grande Depressão de 1929 que gerou um plano de recuperação e criação de postos de trabalho baseado em grandes obras públicas.  A Trace foi incluída neste plano e a pavimentação de alguns dos segmentos dessa trilha começou em 1930. 

A conclusão da pavimentação dos demais segmentos ocorreu em 2005 graças ao esforço de grupos civis que pressionaram o governo em função de sua importancia histórica.




Kosciusko (MS) - Natchez (MS) - 22 agosto 2014

Hoje foi o último trecho da Trace, fechando a conquista das 15 melhores rotas americanas para motocicletas.
Acordei bem cedo, banho, barba, desjejum no próprio  hotel, posto de gasolina e pé na estrada. Uma delícia de manhã, temperatura na casa dos 25 graus, céu de brigadeiro e estrada vazia (o que tem sido uma constante). Pilotei dentro do limite das 50 milhas, bem descontraído, embora atento como os reflexos de um ancião decrépito permitam, curtindo cada polegada daquele asfalto e cada segundo daqueles momentos. 







Ter a consciência de estar vivendo momentos da mais intensa felicidade creio ser meu único mérito, acho que me especializei nisso ao longo da vida. Terrível deve ser viver esses momentos e lembrar que esqueceu de usufrui-los quando e enquanto ocorriam. Ou nem lembrar deles. Ou, pior ainda, arrepender-se pois ao invés de usufrui-lo estava irritado por motivos fúteis. Podem ter certeza, curto, desfruto e agradeço cada segundo mágico vivido. 



E foi assim, tranquilamente e com vento a favor que ia seguindo em direção a Natchez já com saudades da Trace quando bateu a fome. Lembrei-me de meu amigo Netto "McGiver" e usando uma das funções do GPS descobri que estava a uma milha de um posto de gasolina. Peguei o "exit" na hora e parei no tal posto. Ia comprar um sanduba ou coisa do genero quando vejo um balcão com arroz, frango e outras especiarias que nem desconfio. Mas vi um arroz parecido com um "jambalaya" que me deixou animadíssimo, além disso asas de frango a milaneza bem sequinhas, crocantes. Amigos, foi uma das melhores refeições desta viagem. Comi como um padre !  Ainda bem que estava no finalzinho da Trace, um belo trecho em que ela margeia o Mississippi. 



Foi assim que encerrei minha passagem por essa belíssima Natchez Trace Parkway. Agora é pegar o caminho de volta para a Florida e que ainda não está definido. Amanhã pela manhã vejo isto, agora é sair e comer algo decente.


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