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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tail of the Dragon - 1a. parte


Inicialmente a idéia era uma viagem à cidade de Charlottesville na Virginia, onde me encontraria com o Comandante Cyro França na casa de sua filha Cristiane. Como tinha milhas de crédito suficiente para as passagens de ida e volta,  tentei agendar o vôo junto com o dele, no dia 20. Não foi possível, assim é que sai do Brasil no dia 23 de setembro às 21:45 h e após uma maratona de 3 vôos, passando por 4 aeroportos, cheguei a Charlottesville no dia 24 às 16:00 h.




Charlottesville foi considerada, em uma pesquisa de 2008, como uma das melhores cidades para se viver nos USA. Utilizamos os três primeiros dias para saber o motivo e acabamos por concordar com a justiça da escolha. A cidade, além de linda e ter seus serviços públicos funcionando de forma irrepreensível, acolhe uma população que tem orgulho de sua cidade e, mais ainda, de sua importância na história da nação.
    
                                                                  



Um dos pontos que mais nos impressionou foi a University of Virginia. Não apenas pela sua arquitetura mas, principalmente, pela forma como mantém o espírito e a visão desenvolvimentista que nortearam seu criador: Thomas Jefferson. Ciceroneados pelo Bob, genro do Cyro e professor da University of Virginia, tivemos acesso às suas instalações e todas as informações sobre sua criação e funcionamento. Foi como se tivéssemos um curso intensivo de história norte americana.

















A arquitetura da University of Virginia data do século 18 e seu estado de conservação é invejável, alamedas floridas e muros ondulados, além de quebrar a monotonia convidam ao estudo e à meditação. Entre seus alunos famosos, o escritor Edgard Allen Poe, autor de “O corvo” e cujo alojamento foi preservado exatamente como na época de sua utilização pelo então aspirante a escritor.




 







No 4º. dia fomos à Shenandoha Valley na concessionária HD, cerca de 45 milhas de Charlottesville. Mais uma vez a incansável Cristiane, filha do Cyro, nos conduzia e com uma paciência infinita aguardava que namorássemos todas as motos, peças e acessórios daquela imensa concessionária.





  






Após cumprir toda a burocracia para o aluguel da moto, fomos apresentado a dita cuja: uma Ultra Classic 2011, em dois tons de grená com 8 k milhas rodadas prontamente batizada de Angelina. O gerente, que já havia ficado impressionado ao ver a página do Cyro e filmes de sua pilotagem no note-book, pediu-me que desse uma volta pelo estacionamento pois era uma praxe antes de liberar a moto. O Cyro falou-me para sair fazendo uma curva para a esquerda e emendar com um “oito” para a direita. Só posso dizer que foi legal, aliás muito legal. Fiz a curva para a esquerda, que era em declive, utilizando a técnica aprendida com o Cyro e quase raspando a plataforma no asfalto. Emendei uma curva para a direita e o cara falou com o Cyro que era o suficiente mas eu, empolgado que estava, não ouvi e comecei a fazer oitos como um alucinado, acho que pensaram até em me abater a tiros. Por sorte vi a Cristiane o Cyro e o gringo sacudindo os braços como náufragos me mandando parar. Foi meu momento de glória, afaguei a Angelina e estacionei elegantemente na frente do gringo. Só faltou a cara de mau. Eu bem que tento mas pareço mais ridículo do que mau. Quando o gerente me parabenizou apontei para o Comandante Cyro, caprichei na pronúncia e mandei: ”- He’s my teacher” .  Acho que ele ficou pensando que  faço as mesmas manobras, e com a mesma classe, que ele viu o Cyro fazer no filme.

 




 







Isto é uma coisa que jamais cansarei de falar: se não fosse o aprendizado das técnicas de pilotagem da polícia norte-americana com o Cyro, com toda certeza jamais me atreveria a fazer viagens como essa. Provavelmente nem mesmo teria uma motocicleta do porte de uma Harley Davidson hoje. Uma pena que poucos, cerca de 2% apenas, conheçam e utilizam esta técnica. Quantos acidentes, quantos sofrimentos e até mesmo quantas mortes poderiam ser evitados ?  

O aluguel foi por uma semana e não me foi dado o desconto por ser membro do HOG, diferente do que aconteceu em Los Angeles, quando obtive um desconto de 10 %. Desta forma o aluguel ficou em 125 dólares por dia com seguro total incluído. O Cyro não alugou a moto pois optou, muito justamente, em curtir netos, filha e genro, afinal não é toda hora que se faz uma viagem dessas e ele estava há 6 meses sem vê-los. Em princípio a idéia era fazer alguns circuitos em torno de Charlottesville. Eu já tinha até um roteiro pronto quando o Cyro falou um nome que mexe com as emoções de qualquer motociclista, até mesmo dos velhos como o locutor que vos fala: “Tail of the Dragon”.    







  



                           

Falando como quem não quer nada mas com um olhar cúmplice ele dizia que a distancia até lá eram de míseras 700 milhas o que, para quem já esteve a mais de 5.000 milhas, era quase como atravessar a rua. Pronto, estava resolvido, nosso destino era o “Rabo do Dragão”. Entrei no “Ride Planner” e tracei o caminho entre os dois pontos: Charlottesville na Virgínia e Robbinsville na Carolina do Norte, sendo a US81 o caminho mais curto  . Acontece, como tudo na vida, que nem sempre aquilo que se afigura como o mais fácil é o melhor. O Bob já havia me falado em uma tal de Blue Ridge Parkway quando, em conversa com uma senhora vizinha deles, ouvi novamente este nome com a recomendação que não deixasse de conhecer a estrada, apenas deveria tomar cuidado pois ficava coalhada de motociclistas, uma fauna estranhíssima,  com suas Harleys barulhentas. Bingo, pensei, é a minha estrada.


FIM DA 1A. PARTE


Hélio Rodrigues Silva 20/10/2011










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