TOTAL DE VISUALIZAÇÕES

terça-feira, 21 de abril de 2015

UM SONHO PRESTES A SE REALIZAR

Brigitte me aguarda em Paris !

Acabo de embarcar no “Splendour of the Seas” com destino a Barcelona em busca da realização de um sonho: viajar de moto pela Europa.

Alimento este sonho há 4 anos mas sempre esbarrando no item motocicleta. Afinal o aluguel estava fora de cogitações em função do alto custo. A alternativa mais viável  seria a compra de uma moto usada e, com algum deságio, sua venda ao final da viagem.  A grande dificuldade era a burocracia para a compra e  venda da moto. Se nos USA tenho facilidades para utilizar esta alternativa, na Europa não sabia nem como iniciar as negociações. Durante 2 anos pedi a vários conhecidos com parentes na Europa que, se possível,  conseguissem o e-mail de algum vendedor de uma concessionária de motos que me auxiliasse na negociação. Nunca recebi  retorno, até que num jantar de família, o noivo de minha prima, francês e voltando a Paris na semana seguinte,  quando soube de minhas viagens pelos USA perguntou-me por que não fazer uma viagem pela Europa. Era a 2ª. vez que via o Didier (seu nome) e falei-lhe de meus planos e da razão de não conseguir realizá-los. Imediatamente ele falou-me que iria contactar um amigo em Paris quando voltasse. Duas semanas depois recebo um e-mail do Didier dizendo que seu amigo pediu que eu lhe escrevesse pois conseguiria me ajudar na compra e venda da moto. Escrevi imediatamente para seu amigo, resumindo meu objetivo e falando um pouco de minhas viagens, aproveitando para dar o endereço de meu blog. Uma semana depois recebo a resposta onde fui informado que a compra e venda da moto seria coisa simples de se conseguir mas que ele  gostou do que viu no meu blog e, em nome da Yamaha Motor France,  me convidava para ser um “Embaixador da Yamaha Motor France” durante a minha viagem. Para isso eles colocariam à minha disposição uma Yamaha XVS 1300 Tour Classic, devidamente revisada e segurada. Em troca eu compartilharia com eles toda a mídia gerada durante a viagem. 


Céus, eu jamais pensei em ser patrocinado, ainda mais fora de meu país !  O coração disparou e foi difícil manter a discrição até que as negociações estivessem formalizadas.

Meus amigos, é um sonho estar a caminho de uma aventura desse naipe, e patrocinado pela YAMAHA MOTOR FRANCE. Claro que foi uma felicidade enorme ter conhecido o Didier, o amigo dele ser diretor da Yamaha da França e o golpe de sorte que foi colocar o link de meu blog,  onde fotos e textos bastante razoáveis mostraram o potencial de uma viagem como essa.
Agora é conversar com o pessoal de Marketing, receber a moto, assinar a documentação necessária e colocar a proa da Brigitte (nome da moto) voltada para o horizonte, onde tudo acontece, e acelerar impiedosamente dando chances ao destino.

Au revoir mon amies !

sexta-feira, 17 de abril de 2015

"AS 15 MELHORES" - EPÍLOGO

MOTOCICLISTAS NÃO MORREM, SIMPLESMENTE DESAPARECEM NUMA CURVA DA ESTRADA DO POENTE !

Kissimmee (FL) - 1 setembro 2014




 Agora que a viagem chegou ao fim, os preparativos para a volta concluidos, a Helô de banho tomado e óleo trocado, dei-me ao luxo de ficar 2 dias num hotel, refletindo sobre esses 3 mágicos meses que acabei de viver.
Muitos me perguntam: "-Afinal, qual o objetivo de uma viagem dessas sózinho, longe de seu país, apenas vendo estrada à sua frente !". A resposta é, para mim, muito fácil e engloba observações e reflexões que venho fazendo ao longo de meus 71 anos.
Antes de mais nada, viajar em grupo é muito interessante em viagens de pequena duração porém o desgaste no relacionamento depois de alguns dias é fato.
Por outro lado, não gosto de andar em grupos, evito ao máximo. E isso por um motivo muito simples, na minha "careta" opinião: quando fazendo parte de um grupo, você passa a pertencer a um coletivo com valores e comportamentos que podem não ser os seus.
Já vi gente pilotando à noite e na chuva, e sem a menor condição de faze-lo, apenas por temer abandonar o grupo com o qual estava viajando. Já vi pessoas extremamente educadas repetindo xingamentos apenas porque o grupo assim o fazia. Agressões que jamais seriam cometidas individualmente, viram motivo de piada quando grupos dão vazão a ódios, racismos, e preconceitos da minoria que o lidera. Já vi medrosos virarem valentões e, o pior, vejo diariamente grupos sendo utilizados como massa de manobra sem se dar conta disso. Principalmente agora que o conceito de "lados" ficou mais evidente através das redes sociais. Ou você é "bom" e está do meu lado, ou você é "mau" e faz parte do lado que pensa diferente de mim.
Outra vantagem de viajar "sozinho" é que você escolhe a companhia adequada àquele momento, considerada a paisagem, seu humor, as nuvens, o céu e outras alegorias que formam o ambiente perfeito para uma "conversa" com a pessoa escolhida, esteja ela no plano em que estiver. São momentos maravilhosos onde a energia dessas pessoas se faz tão forte que quase sentimos sua presença física. Tem sido muito bom, aliás tem sido excelente.
Nada se compara fazer uma curva para a direita, a plataforma quase raspando no asfalto, o contra-esterço na medida exata, o olhar adivinhando o ponto de saída, a Helô elegantemente inclinada, o motor cheio e sentir meu irmão falando: "-Beleza Hélio, agora enrosca o acelerador que vai ficar mais bonito ainda !". Meu Deus, juro que fiz um monte de curvas com o sacana na minha garupa, chegava a "ouvir" sua risada maravilhosa.



Mas falei, divaguei e acabei fugindo da resposta. Vamos lá, vou tentar explicar o que busco com essas viagens: Claro que pilotar uma motocicleta está entre os principais objetivos mas existe o objetivo chave, aquele que entendo dar um sentido à minha vida: TORNAR NOSSO PLANETA UM LUGAR MELHOR PARA SE VIVER.
Para isso muitas coisas devem mudar, muita injustiça deve ser corrigida, muita miséria erradicada.....enfim uma série de medidas precisa urgentemente ser adotada.
O homem, vaidoso e arrogante como é, tem solução para todos esses problemas e outros que ele próprio ainda vai criar. E isto sem jamais ter estudado, mesmo que superficialmente, qualquer um deles. Mas descobri, depois de muito apanhar, que tenho enormes limitações. Descobri mais ainda, uma coisa chamada ALÇADA : só posso modificar aquilo que conheço e que seja de minha ALÇADA faze-lo. E se existe alguma coisa que conheço bem  (ou deveria) e que consigo (se quiser) modificar: é um cidadão chamado Helio Rodrigues Silva. Esse é meu objetivo, aliás o é o de todos os "homens livres e de bons costumes" - cavar masmorras aos vícios e erigir templos às virtudes.

Piegas, pueril ! Chamem do que quiser mas este é o meu objetivo: CHEGAR AO FIM DA VIAGEM UM POUCO MELHOR DO QUE O HÉLIO QUE A COMEÇOU !


 Obrigado a todos e até à próxima !



quinta-feira, 16 de abril de 2015

AS 15 MELHORES ROTAS DOS USA - 22

SEMPRE EXISTE ALGO PARA QUEBRAR A MONOTONIA.

Natchez (MS) - Mobile (AL) - 24 agosto 2014

Hoje peguei as grandes estradas pois queria chegar mais rápido a Mobile, no Alabama. O objetivo era fugir do calor infernal que após às 11 horas fica insuportável. Principalmente por não existir nenhuma floresta por perto. Como essas estradas são monótonas, principalmente aos domingos, você quase que pilota no "automático" mas quando surge uma paisagem como essa, faço o retorno, o horário que se exploda mas tenho que curtir ao máximo toda essa beleza que tento compartilhar com vocês.







Eu seguia meu caminho quando vejo, na pista contrária, um monte de carros de bombeiro. Quase caio da moto de tanta emoção. Procurei um retorno uma ou 2 milhas à frente e voltei voando, temendo ter sido apenas uma miragem. Mas não, estavam todos lá me esperando. Os cromados brilhando, a pintura tinindo, escadas, extintores, buzinas, sirenes, enfim tudo aquilo que faz a festa da molecada. Era uma empresa especializada na compra, venda e leilão de carros de bombeiros. 






Que "business" maravilhoso ! Pode até dar prejuízo que já está no lucro (isso é muito profundo, poucos entenderão, só os Rodrigues Silva com sua lendária mania de comprar na alta e vender na baixa). Esqueci
 da vida curtindo os carrões, um deles: a cereja do bolo, merece até um post especial.











HOJE FOI FLÓRIDA, EM TODOS OS SENTIDOS..

Mobile (AL) - Tallahassee (FL) - 26 agosto 2014

Hoje o dia começou de forma traumática: fui obrigado a abandonar a "Furiosa". Como ? O ilustre leitor não sabe quem é a "Furiosa" ? Imperdoável. Trata-se de minha calça Jeans 01. As outras duas (02 e 03 ainda não reúnem méritos suficientes para leva-las ao batismo). Ante-ontem, ao chegar a Mobile fui direto para o Golden Corral (come-se um steak honesto sem quebrar a firma). 



Ao entrar notei que as pessoas me olhavam de forma estranha. Deve ser o meu lendário charme, pensei. Nada, era a "Furiosa" que abriu o bico e começou a desmontar na frente de todos. Rasgava mais fácil do que papel japonês. 




Arrumando a bagagem hoje não tive coragem de joga-la na lixeira, levantei o colchão e deixei-a esticadinha entre um colchão e outro. Grandes serviços prestados, uma guerreira com 4 Tail of the Dragon na folha de serviço. Fora outros embates que a modéstia me impede de relatar.

Mas isso é passado. Lá ia eu meditabundo (céus, o Jack está batizado, não é possível) quando o GPS apagou. Pensei que fosse a louca do "Wrong way" mas não, era a tomada da moto (onde ligo o desinfeliz) que pifou. Continuar sem GPS complica. Depois que a gente se acostuma com a mordomia não sabe viver sem ela. Não sei como rodei 2010 e 2011 apenas com um enorme mapa. Nem sextante eu tinha !
O calor estava brabo, na casa dos 38 graus. Parei em frente a uma loja de conveniências e bem ao lado daquela enorme caixa que armazena sacos de gelo. 


Afinal o efeito psicológico já baixou a temperatura em uns 5 graus. Comecei pelo mais fácil, o fusível da tomada que estava ok. Depois parti para retirar o bagageiro do lado esquerdo, soltar a caixa de ferramentas e em seguida a tampa que dá acesso à caixa de fusíveis. Pronto, lá estava o sacaninha de 10 ampéres queimado. Procuro no meio da bagagem toda e acho a caixa de sobressalentes. Fusível trocado e tomada operacional novamente. 





Engraçado é que durante essa faina, o efeito psicológico foi para o brejo e o calor recrudesceu (lindo isso) o que me obrigava a improvisar: olhava pelo vidro e quando a caixa da loja estava atendendo alguém eu abria a tampa do depósito de gelo e colocava a cabeça lá dentro. Até que numa dessas demorei mais do que o atendimento (ou entrei demais no depósito) e fui flagrado. Sorte que a dona foi bacana e só se limitou a rir e a balançar a cabeça como não acreditando no que via.
É meus amigos, vida de motoqueiro tem dessas coisas. A propósito, Tallahassee é a capital da Flórida.





DESLOCAMENTO SEM MAIORES NOVIDADES.

Tallahassee (FL) - Jacksonville (FL) - 27 agosto 2014

Hoje foi um "tirinho" curto, 160 milhas. Ontem uma dor de cabeça perturbou-me desde que cheguei, acredito que tenha sido o sol ou as "cabeçadas" dentro do depósito de gelo. O fato é que esqueci-me de lavar uma peça de roupa e só fui faze-lo hoje pela manhã. Quando isso acontece, coloco um plástico sobre a bagagem, a peça por cima e deixo o sol fazer seu trabalho. Quando cheguei a Jacksonville, fui direto para um Panera Bread almoçar, a peça estava seca e quentinha. Foi só dobrar e colocar na bagagem.






Depois, a caminho do hotel, vi esse Wrangler parado no sinal com uma proteção de crochê no pneu sobressalente. Acho que meu amigo Fabio Paiva vai enlouquecer quando ver. Uma gracinha.



Já no hotel, esse Dodge com cara de mau chamava a atenção.



Por fim uma vista da janela do meu quarto. 



Hotel lindo, cheio de elevadores, mas pobre é pobre. Quando acabei de tirar a bagagem da moto e colocar num troço que parece uma gaiola, um tal de Valete pediu a chave da moto para estacioná-la. O "-Nem fodendo !" saiu automaticamente e no mais perfeito português mas tenho certeza de que ele entendeu claramente. Ainda assim morri em 10 obamas pelo estacionamento, quase 20 % do preço da diária que estava numa promoção, lógico. Caso contrário eu não passaria nem na porta.

Valete ! Eu hein....Valete é o cacete !





A  ÚLTIMA  "PERNA"  DA VIAGEM

Jacksonville - Kissimmee  - 28 agosto 2014

Putz, sentado numa poltrona da Harley de Ormond Beach, com os dois rotores do freio dianteiro da Thaís no colo pensando como dependura-los na Helô.




 Isso sem falar na encomenda do Dotô Badá Barreto, cujo preço era 1.000 dólares mas encontrei por 500. O problema é que era sem nota e o cara só tinha uma peça. Tive que resolver na hora. Essas decisões estão me botando louco. 

O pior vai ser chegar ao Rio e escolher entre Garotinho, Pezão, Lindbergh e o resto do trem fantasma. Acho que vou pedir asilo político ao Paraguay. Que bando de protozoários filosdaputa.


terça-feira, 14 de abril de 2015

AS 15 MELHORES ROTAS DOS USA - 21

UM PASSEIO PELA LINDA NATCHEZ

Natchez (MS)     agosto 2015

Um dos objetivos da viagem já estava cumprido: conhecer as 15 melhores rotas para motocicleta dos USA. Eu que jamais tenho pressa em concluir minhas viagens, principalmente a última, entendi que seria uma ótima pedida ficar mais um dia para conhecer um pouco dessa bela cidade às margens do Mississippi.
O primeiro destino foi a Saint Mary’s Cathedral.  Além de uma bela  construção, local impregnado de história e espiritualidade que nos permite, por vezes e independente da fé que professamos, levantar um pouco o véu da eternidade.





A arquitetura da cidade, embora eu seja leigo nesse assunto (como em quase todos os outros), parece influenciada pela colonização espanhola e francesa, o que dá charme especial às cidades ao longo do Mississippi.







A mesma arquitetura pode ser observada nas grandes mansões preservadas com seus belos jardins.






Outro detalhe que chama a atenção é a quantidade de pequenos e tradicionais becos.




Em alguns, com um pouco de sorte (ou será falta dela ?) você pode ver um super-herói prestes a vestir sua identidade secreta. Aqui, quem sabe ? Seria o famoso “Velho Doidão” ?

Aqui o prédio construído em 1904 para abrigar o exclusivíssimo “Prentiss Club”, na porta do qual um motoqueiro tupiniquim tenta colher alguns “caraminguás” para garantir a gasolina da Helô.




Como um imã o rio Mississippi nos atrai, se você tem um pouquinho de sensibilidade sente o clima que vem do barzinho às suas costas e quase que ouve Jerry Lee Lewis em seu primeiro show profissional. Emocionante.



Apreciar as águas do Mississippi descendo em direção ao Delta faz-nos refletir sobre os muitos bluesman que fizeram a mesma viagem. Os mais sortudos ao encontro da fama, os demais do ostracismo mas que, ainda assim, jamais esquecerão daquela que foi a viagem de suas vidas. Afinal o destino é irrelevante, o que importa é a viagem.