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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

CANADA E ALASKA DE MOTO - 27



WATSON LAKE (YK) – FORT NELSON (BC)
1 agosto 2016

Saimos logo cedo mas não sem antes o Filipec dar uma bronca na mal humorada gerente do hotel. Afinal prometia uma internet com acesso ilimitado e quando baixávamos DUAS fotos atingíamos nosso limite e saiamos do ar. Em 10 minutos desisti e tentei fazer algo of-line. Nunca vi internet tão ruim em nenhuma parte, inclusive no Brasil.

Bem, deixemos isso de lado e vamos ao que interessa. Em Watson Lake esta localizada a famosa “Sign Post Forest”. Como o nome diz, trata-se de uma verdadeira floresta de placas e objetos deixados por viajantes que cruzam a Alaska Highway. Os gringos, que não são bobos, gostaram e estimularam a prática organizando-a e fazendo inventário anual das placas e objetos. Até 2015 somavam mais de 85.000. Senhoras voluntárias orientam a todos, mantém um livro de presença e tem sempre palavras simpáticas para os visitantes.
 Procuramos placas de brasileiros que, quando encontradas, foram fotografadas e exibidas neste post.  Quem sabe alguém conhece os amigos que nos antecederam.

O local tem um astral magnífico, penso mesmo que fruto da energia deixada pelos viajantes que por aqui passaram e registraram aqueles momentos de alegria e emoção. Afinal era como nos sentíamos: alegres, felizes,  celebrando a vida com nossas inseparáveis escudeiras, Juanita e Helô. E a cereja do bolo, dividindo a estrada como irmãos que sabem que viajar é preciso.
Não é pouca coisa amigos, não é mesmo....

Para deixar registrada nossa passagem, resolvemos deixar nossos velhos capacetes. Antigos elmos que levaram dois cavaleiros errantes à terra dos sonhos. Testemunhas silenciosas das emoções que nos assaltaram ao longo dos muitos quilômetros percorridos. Das risadas, dos sustos, do medo e, por que nega-lo, das lágrimas. Que em alguns momentos foram abundantes, na alegria e na tristeza. Mas a decisão estava tomada, os velhos elmos mereciam um descanso e assim foi feito.
Os caras são tão organizados que colocam à disposição dos viajantes, martelos, parafusadeiras elétricas, pregos e parafusos.
Para mim entregaram um martelo e 4 pregos 18 para o Felipec uma parafusadeira elétrica e inúmeros parafusos. Com certeza a senhorinha simpática olhou para mim e pensou: “-Esse velho cretino vai tomar um choque da parafusadeira e infartar, melhor dar o martelo para ele.”

Depois de cumprirmos o ritual da aposentadoria dos capacetes entramos na estrada e aceleramos para recuperar o tempo perdido. A “perna” seria longa mas o dia estava lindo, coisa rara nestas bandas, e a estrada excelente apesar de apenas uma pista. Iamos no maior embalo quando vimos um bisão pastando a uns 50 metros da pista. Paramos, fotografamos e pensamos: se esse sacana invade a pista o que fazer !   Saberíamos a resposta alguns quilômetros à frente. 
Quando vi o Filipe diminuindo a marcha percebi que tinha algo na pista bem à frente. Na realidade não era algo mas sim vários algos....e se moviam. Uma manada (ou boiada, ou alcateia, ou cáfila, ou enxame, ou congresso nacional, ou uma bosta qualquer) de bisões pastando e atravessando a estrada de um lado para outro. Como passar era a questão. Deixei o Filipe ir na frente na esperança que o som do Vince Haines espantasse os bichos mas acredito que são surdos. Nem levantaram a cabeça. Chegou a minha vez, fui bem devagar,  quando cheguei  à distancia de uma chifrada, mirei o centro da estrada, fechei os olhos, acelerei e contei até três e abri os olhos são e salvo. Claro que estava  na contra-mão mas o que é um p...do  para quem esta c.......do.

Depois dos bisões foi a vez dos consertos na pista. Já estávamos elogiando quando apareceram as interrupções e os “Pilot Car”.  E dessa vez nos fazendo perder muito tempo e para mim, que nunca pilotei uma HD no barro, foi o pior deles. Chegamos a um trecho que a camada de terra fofa tinha mais de um palmo de altura. A roda dianteira da Helô não parava reta e a traseira queria passar a dianteira. Chegou a um ponto em que ela afundou na terra e atolou. Acelerei como um coxinha encagaçado e dei um banho de terra e pedra na pick-up que vinha colada na minha traseira. 1 a 0 tio Hélio. Vai andar colado na traseira do Sarney (ou similar) pensei.
O fato é que matando baratas, à esquerda e à direita, consegui vencer aquela barreira mas então despencou a chuva, como sempre acontece  neste país chamado Canad’água.
Uma chuva forte com a temperatura baixando constantemente além de uma bruma que não sabíamos se subia da estrada ou eram nuvens baixas mesmo. O fato é que a pilotagem ficava bastante complicada.
Seguimos assim por um bom tempo até que a fome forçou-nos a parar. Não sei o nome do lugar, ao lado da estrada tinha uma pista de pouso e um monomotor estacionado em sua cabeceira. Em volta morros e uma cerração que começava quase nas suas bases e escondia os picos. Isso explicava o monomotor  asa baixa coberto. Ninguém é louco de se aventurar num tempo desses, a não ser que se chamem Hélio e Filipe.

A parada valeu a pena, comemos um sanduiche maravilhoso chamado “Pata de Urso”, acompanhado daquelas batatas que eles fritam com casca e tudo e vem pingando óleo de canola, para desespero da Dra. Raquel, minha cardiologista. Um espetáculo.

Depois de tudo isso, o trecho até Fort Nelson, onde nos hospedaríamos, foi mais fácil do que superfaturar um navio-sonda. Coisa de amadores.....













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