O tempo deu uma melhorada depois que entramos
na Virginia e aproveitamos para ganhar tempo reduzindo as paradas mas ainda
assim conseguimos fazer algumas fotos naquelas obrigatórias para tirar água do joelho, um
procedimento muito comum na 3ª. idade.
Em uma dessas paradas sai na frente do Cyro,
ao fazer uma curva deparei-me com o asfalto tomado por grama recém-cortada (os gringos aparam a grama
do acostamento com uns carrinhos que recolhem a grama cortada num saco acoplado aos mesmos mas neste caso
ele não tinha o sacana do saco e coalhou a curva de grama verde). Tinha um
trilho no meio daquele tapete de grama, fechei o punho e consegui colocar a
moto no trilho salvador ao mesmo tempo em que pensava: “- O Cyro vem abrindo
o gás para me alcançar e talvez não tenha tempo de ver o trilho”. Reduzi a
velocidade e fiquei de olho no retrovisor, ele realmente veio “quente”, as duas
rodas pisaram na grama e lá foi ele escorregando com as duas para o
acostamento onde conseguiu que a moto ganhasse tração a um palmo da “terra de
ninguém”. Foi sorte ? Claro que voce tem que contar com ela mas foi uma
demonstração de como jamais voce deve desistir de uma curva e tratar de fazer a sua parte para sair do problema. Sem dúvida foi uma
linda manobra.
Depois disso, paramos para abastecer as motos e
fomos em busca de um local para comer pois a fome era muita. Estávamos perto de uma cidade chamada Buena Vista
e combinamos de nos encontrar no Gap onde sairíamos para a cidade. Acontece que
passei do Gap e parei num “outlook” mais à frente. O piso era muito inclinado e
quase derrubei a moto, me equilibrando por pouco. Quando o Cyro veio chegando,
notei um rapazinho (uns 16 ou 17 anos) num scooter que mais parecia uma
bicicleta motorizada de tão pequeno. O rapaz se dirigiu a mim com um livreto intitulado
“Voce quer conhecer a verdade ? ”(em ingles, claro), eu disse logo que não e
exatamente neste momento o Cyro chega e cai com a moto. Para variar ele sai
rolando e a Sabrina deitou legal, não ficou em 45 gráus não, foi logo para os
90 gráus. O garoto se abaixou ao lado do Cyro com o livro na mão oferecendo a
ele. O Cyro deitado não entendia nada e só olhava a gasolina escorrendo do
tanque e correndo para baixo da moto próximo do escapamento. Deitado o Cyro me
perguntava: “-Hélio, que porra que esse maluco está falando ?” Embora o Ingles dele seja muito melhor do que o meu ele não queria acreditar no que ouvia. Aí foi minha
vez: “-Acho que ele está querendo lhe salvar. É pegar ou largar !”. Meus amigos o Cyro levantou-se de um salto berrando
em ingles com o garoto que se ele não o
ajudasse a levantar a moto as chamas do inferno iriam queimar, além da moto, o rabo dele. Eu quase me mijava de rir. Aquilo
tudo era surreal. Primeiro a motoneta ridicula do moleque numa estrada daquelas. Depois o tombo do Cyro com rolamento e tudo. Em seguida o garoto se
ajoelhar e tentar converter o Cyro prestes a ter um infarto vendo a gasolina
indo para o escapamento da moto caida. Um momento inesquecível. Sei não, aquele
garoto vai longe...
Depois disso a viagem transcorreu debaixo de
gargalhadas todas as vezes que parávamos e assim chegamos a Charlottesville
onde o Cyro embarcaria, dois dias depois, para o Brasil e eu partiria para
alguma aventura qualquer com a Helö.
Um comentário:
kkkkkkkkk
Essa foi boa!
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