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sábado, 23 de junho de 2018

AMERICAS TOUR 2018 - 15

E A HELÔ RESOLVEU MUDAR OS PLANOS....

que aliás nem existiam mas a criatura, voluntariosa e de forte personalidade, de vez em quando toma o freio nos dentes decidindo quando e para onde vamos. Não me queixo, seguir e respeitar intuição e arroubos femininos sempre foi meu forte e raras vezes me arrependi. Mas desta vez ela pegou pesado.

Na véspera de seguir viagem, dia 23 passado, resolvi antecipar o check da Helô que costumo fazer antes de pegar a estrada. Após conferir óleo, pneus, faróis e mais alguns itens essenciais, decidi ligar o motor já que ela estava 7 dias parada. E nesse momento começou a novela. A danada se recusou a funcionar.

Quem sabe não fiz o procedimento de ligar o motor corretamente, pensei. Afinal aproximava-se o momento das despedidas e isso sempre mexe, de forma cada vez mais forte, com as emoções deste velho coxinha. Decidi refazer toda a sequência começando pelo início: Montar na Helô pelo lado esquerdo (o mais baixo), regular ângulo do suporte do GPS, fechar plataformas do carona, recolher descanso lateral, colocar chave de ignição em "on", checar marcador de gasolina, colocar chave corta-corrente na posição "RUN", aguardar apagar a luz de "Check Engine", manter a manete de embreagem acionada, acionar o botão de "Start". Dessa vez estava tudo certo mas novamente ela não deu sinal de vida. Nem uma mísera fumacinha pelo escapamento.

As perguntas óbvias: gasolina e bateria carregada foram feitas pelos amigos que me cercavam e respondida afirmativamente após uma desnecessária (mas cautelosa) segunda verificação.
Os amigos adoraram a ideia de eu ficar mais uns dias enquanto tentaria descobrir o problema da minha fiel escudeira. O Henrique foi o mais entusiasmado, afinal iriamos relembrar velhas parcerias mecânicas onde Camper, Bonanzas, CJs, JPX, Opalas e outras coisas que nem me atrevo a relacionar foram testemunhas de nosso saber mecânico e de mãos imundas de graxa nas imaculadas toalhas da Helena Pieroni.

Bem, começamos pelo mais simples: a bomba de gasolina bombeava e o injetor injetava. Em seguida descobrimos que faltava centelha. A sequência vela, cabo de vela, bobina poderia ter alguma culpa na lambança. Dado o desgaste das velas e dos cabos de vela resolvi troca-los por conta não só da rodagem da moto (130.000 Km) mas principalmente pelo fato de ficar parada 9 meses e rodar apenas 3 por ano. Com a agravante de não ter rodado em 2015 e 2017.
Esta, por sinal, é a pior forma de utilizar um veículo. Melhor ter uma alta quilometragem mas de uso constante do que longos períodos parado com uso intenso por 2ou 3 meses.
De qualquer forma é como posso utiliza-la e vem sendo assim desde 2013 quando nos encontramos pela primeira vez.

Voltando ao assunto, tentamos todas as alternativas que nosso conhecimento e ferramentas disponíveis permitiam. Contactei a Harley e me deram uma estimativa de 3 semanas para pegar a moto. Resolvi alugar um furgão na Uhaul e levar a moto, acontece que segunda-feira é feriado no Canadá e todos furgões e pequenos caminhões foram alugados (parece que é uma tradição canadense mudanças serem feitas no dia da Independência). A expectativa é alugar o tal furgão na 3a. feira e levar a Helô para a HD, que enfiará sem dó a faca na bolsa do tio Hélio.

Mas não me queixo, muito pelo contrário: estou vivo e com os sentidos funcionando (rateando alguns e outros pegando no tranco o que, a essas alturas da vida, já é um tremendo lucro). A grande vantagem de não ter planejamento é o enorme espaço que reservamos para o destino. O qual, a bem da verdade, tem sido pródigo com este velho motoqueiro que ainda se emociona com o carinho e atenção que me dispensam.

Temos que aprender a aproveitar as oportunidades que surgem em nosso caminho. Foi mesmo uma sorte a Helô "empacar".
Estou conhecendo de perto a realidade de uma família que imigra para outro país:
As dificuldades muito além das discutidas pelos que jamais arredarão o pé do bairro em que nasceram.
E as vitórias, algumas dolorosas, muitas difíceis porém todas unindo e fortalecendo, ainda mais, uma instituição que vem sendo questionada pelos "progressistas" : a família.

Além de todos trabalharem muito, ainda encontram tempo para me mostrarem um pouco mais de Toronto, como a fantástica biblioteca municipal onde, gratuitamente, você pode reservar uma das salas em formato de cilindro transparente por pelo menos duas horas.

E minha vida tem sido assim, integrado à rotina dos Pieroni, tratado como se fosse da família, participando da escolha do vinho e do filme que será visto, discutindo o roteiro do passeio que será feito entre um compromisso e outro, aprendendo a andar de condução por Toronto além de curtir o bom humor e a maravilhosa energia que envolve essa incrível família.




 



















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