ANDORRA – CARCASSONNE
7 junho 2015
Ante-ontem à noite
sai para passear pela cidade e comer alguma coisa. Impressiona a velocidade
com que os caras dirigem pelas ruas estreitas e mais ainda como eles param ao
menor gesto de quem quer atravessar a rua !
Comi no Mama
Maria e enquanto esperava meu prato, polvo à portuguesa (12 euros), olhava as
fotos na câmera fotográfica quando chega um cidadão e começa a conversar comigo
em inglês. Cumprimentei-o mas pela minha cara de espanto ele viu que eu não o reconhecia,
era o motard da Austria que encontrei se abrigando da chuva em um posto de
gasolina em Portugal e que trocamos e-mails. Desculpei-me e batemos um rápido
papo e ele ficou de escrever-me quando voltar para a Austria. Quem sabe não
passo por lá !.
Ontem, fiquei
em Andorra 2 dias, resolvi visitar o Lac d’Engolasters. Parei num posto para
abastecer a moto e vejo uma Vulcan Classic 800, a primeira moto de minha vida.
Era do frentista, português do sul de Portugal,
o Miguel Garcia. Batemos um longo papo, fizemos uma sessão de fotos com
a Vulcan, ora comigo pilotando, ora com ele e, ao final, despedimo-nos como se
2 brasileiros ou 2 portugueses - o que dá no mesmo - fossemos: abraços de pessoas que se emocionam
com um encontro e que deixam transbordar toda essa emoção com tapas de tirar
poeira da jaqueta e o calor humano só existente entre irmãos. Na emoção esqueci a capa da câmera e na volta
do lago passei pelo posto, antes mesmo de para a moto ouço lá de dentro: “- Oh
pá, esquecestes a bolsa aqui “. E veem dois portugueses risonhos, que
substituíram o Miguel me entregar a capa. Mais papo, um era “alfacinha” e o
outro “tripeiro”. Só mesmo quem está na estrada sabe da alegria de encontrar
essa gente, não apenas pelo idioma, mas pelos hábitos e costumes que herdamos e
que não nos envergonhamos de mostrar. Os gajos são da fuzarca !
Hoje, na
saída de Andorra, tinha que tomar uma decisão. Embora a cidade de Foix tenha
sido recomendada pelo meu sobrinho Rodrigo Cabral, a descida para Carcassonne
privilegia os Pyrenées Catalanes. Então, a opção era entre uma cidade e uma
estrada. Difícil mas acordei com “animus pilotandi” (latim vulgar) e parti para
os Pyrenées embora o GPS se recusasse a faze-lo. Quem sabe com medo de outra
braçada como a do túnel ? Ignorei-o e
fiz todo o percurso com auxílio do Atlas Michelin.
E foi assim,
“setando” cidade a cidade, que percorri estradas incríveis com cenários que nos tiram o cansaço do
lombo. Numa dessas cidades, Mont Louis,
que eu iria apenas passar, vejo um conjunto de muralhas, faço meia volta, saio
da estrada e me dirijo para lá, era uma muralha defensiva em volta de uma
cidade medieval. Passei pelo arco de entrada, estacionei a moto para as fotos e
nisso chegam duas moças que me cumprimentam e começamos a conversar. Elas se
chamam Montze (de Montserrat) e Sarah, e estão viajando pela Europa. São
pessoas simpáticas, como todos os que gostam da estrada (modéstia à parte) e bem
humoradas (idem). Elas me deram várias dicas de locais para visitar e demos
boas risadas das histórias que compartilhávamos. Fizemos as fotos de praxe,
despedimo-nos, com a promessa de que acompanhariam minha viagem pelo Blog. São
pessoas como essas que transformam nossas viagens em caminhadas leves,
divertidas e nos fazem acreditar no ser humano. Muito bom mesmo.
A estrada
ainda me reservava uma surpresa próximo a Carcassonne, o tal de “Défilè de La
Pierre Lys”. Uma estrada escavada na rocha, em um desfiladeiro que faz a festa
dos motociclistas. Claro que tem que se ter cuidado, muitas curvas, bastante
tráfego de moto-homes porém muito bem sinalizada e o asfalto impecável. É um
epílogo à altura de uma bela viagem.
Chegando a
Carcassonne procurei o Mc Donalds – eles estão invadindo a Europa mas não podem
colocar aquele símbolo amarelo enorme que usam na terra de Marlboro – e
reservei um hotel pelo site que utilizo. Para variar o GPS estava de mal comigo
e dizia que não conhecia a rua do hotel. Eu cansadíssimo, suado, querendo um
banho e cama e o idiota de sacanagem ! Bem,
pergunta daqui pergunta dali e descubro que é perto do aeroporto. Sigo para lá
e no meio do percurso vejo um por de sol que me obriga a fotografias. Não tinha
local para estacionar mas coloquei a moto na beira da estrada com pisca-alerta
ligado e fui à luta. Acho que compensaria qualquer multa.
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