Miranda do Douro – Riaño
1 junho 2015
Hoje comecei
a segunda parte do roteiro traçado pelo Jorge Meirelles. O objetivo é Andorra
porém passando por um roteiro sugerido por ele que conhece bem a área. Muitas
vezes amigos sugerem cidades, locais especiais ou roteiros de dar água na boca
e não entendem, como nós motoqueiros, trocamos o charme, o conforto e a
segurança dos grandes circuitos por estradas sinuosas, na maioria das vezes em
montanhas, com raros postos de combustível, passando por vilarejos quase desconhecidos para,
ao final, sujos, cansados e com os olhos
brilhando prometer repetir o circuito recém terminado. Só quem é do ramo
entende e por isso digo que foi uma sorte encontrar o apoio do pessoal do
Motoclube do Porto e, em especial, o do paciente e fraternal Jorge Meirelles. Assim como esta viagem,
ficará também gravada entre minhas melhores lembranças a irmandade que
encontrei entre os “motards” portugueses. Os gajos carregam n’alma o mesmo espírito aventureiro
que fizeram este país, contra todos os fatos, tornar-se uma das maiores
potencias marítimas na época das grandes navegações.
Isto posto,
voltemos à perna entre Miranda do Douro e Riaños. A primeira fase, aquela em
território português, me impressionou pela perfeição do conjunto: estradas para
quem gosta de pilotar, paisagens de tirar o fôlego, vilas e cidades onde se
respira história e uma gente que nos recebe com a alegria de reencontrar um
irmão d’além mar. Depois de tudo isso imaginei que a segunda parte, já agora em
território espanhol, muito dificilmente estaria à altura da primeira, afinal, e
como fosse pouco, eles não tem o Douro,
pensei. Mais uma vez precipitei-me, já na entrada da Espanha começa uma região
de barragens cujos lagos refletem ruínas deixadas por antigos habitantes. E
foram tantos os que se sucederam ao longo dos milênios que tornou-se fácil
identifica-los pela sua influencia nas relíquias históricas deixadas pelo
caminho: romanos, mouros, visigodos, saxões, bretões, gauleses, etc.
Como sempre,
muitas paradas para fotos ou, simplesmente, para entrar e fazer parte de um
cenário, mesmo que por poucos minutos,
afinal é o que ainda fazemos no grande espetáculo chamado vida.
Com tudo
isso, o tempo de viagem foi aumentando e resolvi acelerar o passo, a melhor
saída para faze-lo era buscar uma autovia e “enroscar o cabo” mantendo 120 Km e
de vez um quando um “outlaw” para acompanhar os mais apressados. Nesse momento
o Tomtom Macoute entrou em parafuso e me informava que não havia estrada sob as
rodas da Brigitte. Enlouqueceu totalmente, só o mantinha ligado para controlar
a velocidade já que montei todo o roteiro baseado no Atlas de Carreteras
Michelin. A estrada que ele jurava de pés juntos não existir é a A6, duas
pistas com 3 faixas de rolamento cada uma com velocidade de 120 Km que liga
Madrid ao Atlântico, ou seja trata-se de um boçal.
No km 160 da
estrada peguei a N625, margeando o rio Esla, evitando entrar em León e que me levou
a Riaño por pista única, asfalto muito
bom, como em todas as estradas até agora, e no final (já sendo chamada de N621)
um trecho com uma gostosa serrinha e a chegada num belo lago aos pés do Parque Nacional dos Picos de
Europa, onde, para não perder o hábito, parei para umas fotos e acabei batendo
papo com um motard de Bilbao que parou para fazer fotos também.
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