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sábado, 20 de junho de 2015

UM VELHOTE DE MOTO NA EUROPA - 29



CHAMONIX-MONT-BLANC – ANDERMATT

20 de Junho de 2015, 09:21



Quando clareou o dia, olhei pela janela e o Mont-Blanc, no quintal do chalet para mochileiros onde fiquei hospedado, contrastava com o céu azul sem uma nuvem sequer. Vou levantar e fazer uma foto padrão Mestre Adriano Machado, pensei. Mas, amador é amador, fui tomar banho antes e com isso as condições climáticas mudaram radicalmente. Isso aqui é muito comum. De qualquer forma, fiz algumas fotos para não perder o hábito.







Depois do belo desjejum, ainda chateado pela foto perdida, peguei a estrada em direção a Andermatt (Suiça), onde tinha agendado um encontro com Tio Carlos Alberto Perez Muiños.




Notei que o GPS estava de bom humor e quase que me estrepo. Quando dei pela coisa o infeliz me colocou na cara do tal túnel de 12 km VOLTANDO! Xingando todos os estagiários que desenvolveram aquele monstro, no limite da responsabilidade, fiz um retorno em uma espécie de “chicane” para carros de apoio e, sob os olhares espantados dos guardas, voltei como uma flecha rezando para eles não terem paciência para me seguir. Parei um pouco mais à frente (uns 20 km) abri o Guia Michelin e ignorei os “comandos” do GPS. E foi assim que descobri estradas maravilhosas, pontos para fotos incríveis e uma visão espetacular do Vale Du Rhône - Ródano em francês.













Depois de uns 100 km, o GPS parece que tomou juízo e começou a me acompanhar, a direção era o Furka Pass, considerado um dos “Top 10 Roads” da Europa.




Próximo ao início do Furka (olha só a intimidade), havia um túnel com três pistas de rolamento, todas as três para o Furka Pass. O GPS colocou na tela aquela inequívoca setinha quebrada indicando a pista da direita. Obedeci e neste ponto teve início uma comédia. Enquanto as duas pistas da esquerda seguiam, separada por uma mureta, a pista da direita me levou para uma espécie de pátio. Vi uma cabine, uma cancela, uma moto parada e um casal se abrigando da chuva que descia com força. Perguntei ao cara, um americano, para onde eles iam. Descobri que meu inglês é pior ainda do que eu pensava. O cara pensou que eu estivesse falando em italiano e mandou a mulher dele responder em italiano. Ela me disse que tinha de comprar o ticket e me apontou uma espécie de escritório no que parecia ser uma estação ferroviária. Fui comprar o ticket para abrir a cancela do “Peáge” suíço e descobri que o trem só sairia dentro de 2 horas. TREM? De onde apareceu esse trem? Sim meus amigos, era uma estação ferroviária onde os mais coxinhas do que eu colocam moto, carro, sogra e demais ítens perigosos a bordo, aboletam-se numa poltrona e cruzam o Furka Pass heroicamente. Juro que quase compro uma passagem para o GPS, afinal o desgraçado estava morrendo de medo de ir comigo (não lhe tiro de todo a razão!).





A travessia é linda, porém cascuda. Um frio intenso, ventando muito, nuvens baixas, pista estreita e gelo em muitos pontos. Na medida em que você vai atingindo o ponto culminante, dentro das nuvens literalmente, uma cerração em que você vê no máximo 10 a 15 metros à frente. Muito, muito desconfortável. Quando melhorou a cerração, parei um pouco para relaxar, mas começou a nevar, uma neve bem miúda, mas eu sei em que isso pode se transformar. Montei na Brigitte, afaguei o tanque de gasolina da menina e falei baixinho: “Querida, tira a gente dessa. Sei que você também quer matar o Tomtom, mas ele está congeladinho de medo. Vamos lá gata!”.











Foi ruim, mas foi bom, aliás é sempre assim. Melhor ainda quando cheguei e ouvi gente falando no nosso português cheio de sotaque, e girias. Muito melhor foi encontrar Tio Perez com o grupo de 12 brasileiros que veio fazer os Alpes. No meio muita gente conhecida, a Alice Camargo, também jipeira. O Johny Boy, motociclista globe-trotter, Paracelso, que me vendeu a Naomi (uma RK 2007) e outros que tive o imenso prazer de conhecer. Desde que nos encontramos colamos como dois irmãos que não se viam a tempos (o que era a pura verdade).







Demos uma volta para conhecer a cidadezinha miúda e encantadora. Como isso foi muito rápido, partimos para “firmar o caráter”, jantar e dar boas risadas dos causos ocorridos em ambos os lados. Fui dormir feliz pelo belíssimo dia com que fui presenteado.





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