ST MARYS (PA) - NIAGARA FALLS (Ontário)
3 julho 2016
Dia belíssimo entrando pela janela de meu quarto hoje pela manhã. Vontade de ir para a estrada e bailar com a Helô tornava a tarefa de arrumar a bagagem ainda mais aborrecida. Conseguimos pegar a estrada num horário gostoso. Temperatura a 23 graus obrigava o uso do casaco e até mesmo da chaparreira que não coloquei por pura preguiça. As estradinhas são maravilhosas, muita floresta em volta, asfalto da melhor qualidade e muito bem sinalizadas.
Iamos tranquilamente, entre 55 e 65 milhas (velocidade era de 55) quando escuto uma vibração no alforje direito da moto. Na mesma hora pensei, deve ser Trigue e Adão (o dinossauro pelado) querendo sair. Parei a moto mas a culpa não foi deles, o fecho estava aberto, a tampa abriu e por sorte não perdi nada na estrada. Aproveitei para fazer umas fotos da estrada e dos dois. Na hora de subir na moto o pé escorregou na areia e deixei a Helô cair. Aliás nem tento segurar pois além de ser impossível faze-lo, é muito fácil conseguir uma distensão tentando. Iniciei os procedimentos para levanta-la e na mesma hora um carro para a meu lado e o motorista desceu para me ajudar. Moto levantada, apertos de mãos, agradecimentos e lá fomos nós.
Quase na mesma hora em que sai notei algo estranho no GPS, ele estava me mandando entrar à esquerda 1 milha à frente. O maluco, na queda, entrou na modalidade “caminhada” e estava me mandando para uma ravina que se entro não tinha como voltar.
Acertei o doido e a viagem voltou à normalidade. Encontramos um bloqueio feito por 2 carros de bombeiros onde pediam donativos (colocados dentro de uma bota) para o Corpo de Bombeiros local, formado por voluntários. Parei, tirei fotos e bati papo com um deles que me mostrou, orgulhosamente, a águia da Harley que mandou pintar em uma das viaturas... Desconfio que eles vão é customizar os carros de bombeiros da cidade.
Eu comecei a acelerar um pouco mais para chegar depressa naquele que, eu presumia, poderia ser o meu maior problema: o serviço de imigração canadense.
Mas nessas horas é que as coisas acontecem. A estrada passava por dentro de uma cidade impossível de ser ignorada. Bem que tentei mas fiz meia volta e estacionei a Helô bem no meio do muquifo. A bateria da máquina fotográfica estava a zero e não fazer fotos daquele lugar era um crime. Entrei na loja e falei do meu problema com o proprietário: precisava ligar o carregador de bateria da maquina por algum tempo. Na mesma hora ele concordou e falou para eu sair e curtir um pouco a cidade. Foi ótimo ver pessoas sentadas em mesas na calçada de sorveterias e bares. A Helô ficou destrancada com minha bagagem, GPS e capacete à vista sem o menor problema. Vários artistas trabalhando na calçada. Um cidadão fazia um trabalho de cinzelamento num bloco de pedra, literalmente polindo a pedra bruta. Parei e troquei umas palavras com ele. Mais à frente um Jeep lindo, perguntei ao dono se era um MB e ele pulou na hora: “- Não esse é Ford”... Mas a hora estava passando, voltei à loja, a bateria já com alguma carga, agradecimentos, fiz as fotos e parti.
Agora acelerando a ponto de merecer um ticket (como eles chamam multa aqui). Seguindo o GPS dou de cara com uma ponte onde, do outro lado, começa o Canada. Não tinha como fugir. Parei a moto no estacionamento do Duty-Free, dei uma olhada nos Jack’s (o meu acabou ontem). Tem um Fire que quero testar mas eles só tinham garrafas grandes. Prefiro as pequenas mais fáceis de acomodar na moto. Acabei não comprando. Segui em frente, encarei uma fila enorme, que andava razoavelmente, até chegar minha vez......
Não era a “minha” policial quem estava na cabine mas sim uma baixinha enfezada que falava na velocidade de uma metralhadora. Respondi a todas as perguntas, mostrei o visto canadense, a reserva do hotel, documentos da moto mas ela encrencou e só me perguntava se eu alguma vez pedi um visto de imigrante. E eu respondia que não o tempo todo até que ela segurou meus documentos, chamou outro policial e me conduziu ao setor de imigração. Fiquei sentado 3 horas e meia sem saber o que estava acontecendo, até que fui chamado para uma entrevista. O policial me perguntou, e quis ver, minha passagem de volta, meu seguro saúde (e quanto eu paguei por ele). Quanto eu levava de dinheiro, quantos cartões eu tinha, quanto de dinheiro eu tinha no banco, onde eu trabalhava (por sorte levo o cartão da Fundação Previdenciária IBM e que parece ter mais valor do que o passaporte do mercosul). Ele continuava me perguntando e eu respondendo em tom baixo até ele perguntar qual a moto em que eu viajava. Pronto, essa era minha deixa....encostei o cotovelo no balcão, mão no queixo, girei a cabeça para o povo sentado aguardando e falei 2 tons acima do que vinha utilizando: “-HARLEY DAVIDSON POLICE MODEL”. Agora vou preso, pensei. Coincidência ou não, a partir daí ele foi ficando mais friendly comigo. No final ele carimbou a entrada no passaporte e desejou-me boa viagem e que tivesse cuidado.
Fui até a moto, peguei um adesivo do Gato Cansado com o endereço do meu blog e voltei para entrega-lo ao policial. Pela primeira vez ele sorriu e estendeu a mão para me cumprimentar. Agora tenho 30 dias exatos para rodar e sair daqui. É pouco mas farei o possível.
Foi um dia cansativo embora a distancia percorrida não fosse muita...
Beijos e abraços.
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