Santiago de Compostela (SP) – Braga (PT)
25 maio 2015
Depois de 4
dias de reflexão respirando o ar daquela cidade mística era chegado o momento
de voltar à minha eterna companheira: a estrada.
Na saída
surpreendi-me com duas bicicletas que chegaram ontem à noite. A turma tem
bicicletas de todos os tipos e desconfio que conseguem até carregar mais
bagagem do que eu mas essas duas tinham pneus de moto ! Enormes....
Resolvi
entrar em Portugal por Braga, terra do bisavô dos meus filhos e a relativamente
curta distancia de Santiago. Esta é minha primeira viagem à Europa e estava
ansioso por conhecer Portugal, por isso escolhi o caminho mais rápido. E Portugal não me decepcionou, bem ao contrário. Fiquei o tempo inteiro prestando atenção
naquelas tradicionais placas de boas-vindas para fazer as fotos tradicionais
mas, qual o quê, estamos falando de Portugal. Um dos povos mais hospitaleiro
que conheço e, como fosse pouco, consideram-nos irmãos. Então, para quê placas
de boas-vindas....para quê cerimoniais... Apenas uma placa com o nome PORTUGAL,
indicando que “a casa é sua e o
Brasil é nosso irmão”. Meus amigos,
jamais pensei me emocionar tanto ao entrar neste belo país. Fiquei em pé nas plataformas
da Brigitte e esmurrei o ar como se fosse o Loco Abreu convertendo aquele
penalty histórico. Agradeci, de todo o coração, o maravilhoso idioma que nos
legaram e, lógicamente, pedindo perdão pelas imortais cavalgaduras eleitas para
nossa Academia Brasileira de Letras.
A chegada a
Braga foi outra surpresa, embora seja a cidade mais antiga de Portugal e uma
das mais antigas da Europa, consegue ser uma cidade moderna, com largas
avenidas e passagens subterrâneas para veículos, privilegiando o pedestre. Por
outro lado preserva seu Centro Histórico mantendo prédios, ruas e calçamentos
que me fizeram recordar o Rio de Janeiro do final dos anos 40 e inicio dos 50:
Ruas Ramalho Ortigão, Ouvidor, Uruguaiana, Santa Luzia, Senado, Tabuleiro da
Bahiana, Galeria Cruzeiro e tantos outros que os jovens arquitetos de então,
moveram céus e terra e conseguiram derrubar.
Voltando à
Braga, a Catedral da Sé, construída no século XI, guarda tesouros de grande
valor histórico, entre eles a cruz utilizada na primeira missa rezada no Brasil
pela esquadra de Cabral. Essa cruz deu origem a um incidente diplomático quando
por ocasião da inauguração de Brasília. Pela primeira e única vez a cruz saiu
do museu, emprestada que foi para a inauguração de Brasília. Ao ser recebida de volta, a companhia
seguradora percebeu que não era a cruz original (que foi fotografada,
radiografada, pesada, etc antes de sair do museu). Depois de meses de muita troca de ofícios,
cartas, memorandos, telefonemas, etc....eis que o Brasil admite que houve um
engano e envia a cruz original...... Acontece, afinal cruzes tem mania de se
parecerem umas com as outras.
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